quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Bicarbonato de soda

Súbita, uma angústia...
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma!
Que amigos que tenho tido!
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido!
Que esterco metafísico os meus propósitos todos!

Uma angústia,
Uma desconsolação da epiderme da alma,
Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço...
Renego.
Renego tudo.
Renego mais do que tudo.
Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles.
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na
circulação do sangue?
Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro?

Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me?
Não: vou existir. Arre! Vou existir.
E-xis-tir...
E--xis--tir ...

Meu Deus! Que budismo me esfria no sangue!
Renunciar de portas todas abertas,
Perante a paisagem todas as paisagens,

Sem esperança, em liberdade,
Sem nexo,
Acidente da inconsequência da superfície das coisas,
Monótono mas dorminhoco,
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas!
Que verão agradável dos outros!

Dêem-me de beber, que não tenho sede!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Isso é muita sabedoria...

"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos,
resta-nos um último recurso: não fazer mais nada.
Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram.
Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente,
mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés.
Os sentimentos são sempre uma surpresa.
Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido.
Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.
Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado,
resta-nos um só caminho...
o de mais nada fazer.

Clarice Lispector

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Culpa de quê

Sentir algum tipo de culpa é como saber que erramos...
Mas erramos onde? em que?
Essa é uma pergunta que me faço a anos e ainda não tive uma resposta.
As vezes tenho certeza de que errei, mas foi tentando acertar,fiz coisas que não deveriam ter sido feitas...mas foram necessárias...Aprendi que errar é necessário para aprender.
Sinto culpa de não ter sido mais feliz, de não ter vivido com mais alegria,sinto culpa de não compreender, ou de ter compreendido demais.
Se tudo pudesse voltar como num filme, será que eu seria mais feliz? ou será que sou feliz e ainda não descobri? Acho que vou morrer sem ter essa certeza.
Tenho medo da resposta pra essa pergunta, porque se a resposta for não, será que ainda daria tempo de consertar? ou a comodidade não me deixaria mudar nada?
É como num enorme deserto de areia, olhar muito longe e ver sempre a mesma coisa.
Cometo insanidades que me deixam um pouco menos realista, pois a realidade as vezes incomoda um pouco,
Vou dizer que sou um pouco diferente da normalidade,pois pessoas normais procuram ser felizes a todo custo...e eu não sei se aprecio esse sentimento, pois é com um pouco de tristeza que tenho mais expiração para tocar minha vida.

Valeria Oliveira








"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece..."



Clarice Lispector

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Só por hoje

Vou dormir...
Já é tarde, e preciso conversar um pouco comigo...
ficando em silêncio ouço melhor meus pensamentos...
Ao contrário da maioria, gosto da solidão, me sinto bem quando estou só, parece que não tenho aquele "compromisso" de agradar , ou de ser agradável.
Não gosto da obrigação de fazer companhia a alguém, nem gosto quando dizem que sou boa companhia, porque na verdade tenho a certeza de não ser.
Sou meio depressiva e nem sempre tenho bom humor, não é sempre que gosto de conversar.
Nesse momento não me entendo,quase sempre não me entendo...


Valeria Oliveira






Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

Começar de novo

"Vou começar de novo...eu tenho essa necessidade; estar sempre começando de novo...
Começo dizendo que vou terminar com esse sonho de vida perfeita,sonhos a serem realizados...e quem foi que disse que sonhos foram feitos para serem realizados?
Nessa minha fria opinião, os sonhos foram feitos para nos deixarem por alguns instantes mais distantes da realidade...eles nos dão uma sensação de grandeza...de poder...
E começando tudo de novo, deixo para trás alguns sonhos,algumas emoções passageiras que por algum motivo me deram alegria.
Todo dia é um "recomeço"...mesmo sabendo que na verdade, nada vai "recomeçar" só vai continuar me fazendo sonhar tudo de novo."




Valeria Oliveira

Saudades...

Saudades

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

Clarice Lispector

domingo, 17 de janeiro de 2010

Estou aqui para aprender

Agente sempre vive acreditando em coisas...em pessoas, vivendo intensamente situações um tanto quanto sentimentais.
Será que deixei esquecido no fundo de um baú um adjetivo chamado sensatez? Tenho a impressão que essa sensatez me seria muito útil, se eu a usasse com mais frequência.
Por medo da partida não deveria deixar ninguém chegar.
Sei que essa "chegada" vai ter um dia uma partida e isso vai doer.
Mas não me ensinaram como se faz para não sofrer.
Hoje já um pouco mais experiente, vejo de que são feitas as promessas...as eternas promessas, aquelas que jamais deveríamos ter acreditado,elas são feitas de momentos, de empolgação, mas naquele momento você acredita, e algum tempo depois descobre que tudo não passou de momentos...
Hoje vejo que não existe ninguém que realmente te ame incondicionalmente e que nunca temos a verdadeira certeza de uma segurança.
Alguém que te fez tantas juras eternas,hoje passam por voçê e muitas vezes nem te conhece mais.
Mesmo minhas alegrias,como são solitárias as vezes.E uma alegria solitária pode se tornar patética.É como ficar com um presente embrulhado com papel colorido nas mãos e não ter pra quem dizer:tome é seu abra-o.
Não querendo me ver em situações patéticas,e por uma espécie de contenção,evitando o tom de tragédia,então vou procurar evitar embrulhar com papel de presente os meus sentimentos!


sábado, 16 de janeiro de 2010

metade

Quando tento entender meus sentimentos, me perco em um embaralhado de perguntas e respostas, mais perguntas do que respostas,sou do tipo que pensa que podemos amar várias pessoas ao mesmo tempo,cada uma de uma forma,porque cada pessoa tem um encanto, uma qualidade, ou até um defeito que nos fazem ama-la de alguma maneira.
Não acredito que exista traição quando se ama duas ou mais pessoas, pois o amor é um sentimento tão nobre que dispensa limitações.
Somos capazes de amar pai, mãe, filhos, irmãos, amigos, esposo, esposa, pessoas com as quais nos relacionamos diariamente...cada uma de uma maneira especial...porque somos tão egoístas que consideramos traição amar várias pessoas ao mesmo tempo?
Que me perdoem quem não concorda com meu modo de pensar... de agir e de sentir...mas acima de tudo sou aberta ao amor...
porque metade de mim é amor...e a outra metade tambem.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Posso ter defeitos, viver ansioso
e ficar irritado algumas vezes mas
não esqueço de que minha vida é a
maior empresa do mundo, e posso
evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale
a pena viver apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos
de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor
da própria história. É atravessar
desertos fora de si, mas ser capaz de
encontrar um oásis no recôndito da
sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã
pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios
sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um "não".

É ter segurança para receber uma
crítica, mesmo que injusta.

Assim eu sou

É...essa é a primeira vez que escrevo algo em minha vida...estou meio perdida...olhando para a tela do pc e não vejo nada...
Na verdade tenho muita coisa pra dizer, mas me faltam palavras...
Com o passar do tempo, agente vai percebendo que fases pelas quais passamos, nos deixam saudades, pessoas que foram importantes em nossa vida ,agora não são tão importantes assim,momentos que pareciam mágicos, hoje são apenas lembranças...
Fico pensando em coisas que temos que deixar pra traz...momentos bons...momentos ruins...
Falo um pouco de minha vida...hoje vejo que não tenho mais quinze anos...meus dias estão passando.
Passei por muitas coisas nesta minha vida...já amei muito...fui amada...senti medo, raiva,já chorei de tanto rir...já pulei de alegria, já chorei muito depois...
Já pensei que fosse morrer de dor...tanta dor que pensei que nunca fosse passar...,as vezes é preciso passar por etapas para aprendermos enfrentar situações que até então pareciam tão complicadas...mas acabei passando e ainda passo...vou vivendo ,pois a vida tem sentidos ainda inexplicáveis.
Temos que procurar passar por aqui e deixar histórias...histórias de vida.