quarta-feira, 30 de março de 2011

Entrega



Meu amor és tu que andas perdida,
És o que na vida tem toda sorte,
Da dor que queima, sol do norte,
Em cada pétala, flor colorida!

Nos seios brancos, boca envaidecida...
Depois do orgasmo, virá-me morte!
Que venha! No limbo serei mais forte,
Pois deste-me alimento, junto, despedida!

Agora sou corpo inerte que ninguém vê,
Feliz essa alma que saiu do meu ser...
Ser espírito que tu deitaste sem porquê!

Me deste o corpo que alguém sonhou,
Alguém que de joelhos andou pra te ver,
Alguém que na vida, nunca te conquistou!

terça-feira, 1 de março de 2011

Verdade interior

Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora.
 Para que o protejam, para que sintam falta. 
Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços,
sem deixar endereço.
 Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável.
 Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá:
 penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, 
alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse.
 Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo.
 Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."


Caio Fernando Abreu